No passo dos meninos
” e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” Efésios 3: 17 – 19
Essa é uma de algumas das orações de Paulo registradas na bíblia pelo Espírito Santo. É um privilégio termos esses registros para entendermos o que levava os grandes homens de Deus a dirigirem seus pedidos a Deus em favor dos seus irmãos. Aqui Paulo diz que se colocava de joelhos diante do Pai fazendo um pedido muito especial em favor dos Efésios. Ele orava para que os seus irmãos pudessem compreender e conhecer, com todos os santos, o amor de Cristo. E essa expressão, com todos os santos, com o tempo foi se tornando uma chave de fé importante pra mim.
Viver unido com outros irmãos não é um fenômeno social é um milagre espiritual. Porque na experiência da comunidade enquanto lidamos com pessoas que empilham vários doutorados outras pessoas não sabem sequer ler. Convivemos com pessoas de muitos recursos e posses e outras que quase nada tem. Pessoas extrovertidas, Pessoas tímidas. Pessoas que foram amadas e bem criadas por seus pais enquanto outras pessoas sequer sabem o nome do seu pai. E todas essas pessoas, de diferentes origens, raças e costumes, agora estão juntas, ligadas e unidas por uma só fé. Todas se perceberam compradas pelo sangue de Cristo e o confessam como o seu Senhor.
É natural que desencontros, brigas, decepções, frustrações aconteçam dentro da nossa experiência de igreja. Mas me parece que existe um ponto que precisa ser inegociável no nosso entendimento: nós devemos prosseguir juntos – com todos os santos. A vida cristã não se vive isolada ou fazendo escolhas seletivas dentro da irmandade. A vida cristã se vive coletivamente aceitando, com alegria, a honra de servir e ser servido por outros peregrinos que estão trilhando o mesmo caminho em direção ao lar eterno.
Você se lembra quando Jacó se reencontrou com o seu irmão Esaú. Ele disse ao seu irmão quando eles iniciaram uma caminhada em Gn 33: 13 – 14: “Meu senhor sabe que estes meninos são tenros, e tenho comigo ovelhas e vacas de leite; se forçadas a caminhar demais um só dia, morrerão todos os rebanhos. Passe meu senhor adiante de seu servo; eu seguirei guiando-as pouco a pouco, no passo do gado que me vai à frente e no passo dos meninos, até chegar a meu senhor, em Seir.”
A velocidade da nossa jornada comunitária não é ditada pelos mais rápidos ou mais fortes mas se dá pelo passo dos meninos. Não abandonamos o rebanho para que ele seja devorado pelos lobos, antes, pelo contrário, prosseguimos sempre juntos nos protegendo e nos abençoando mutuamente. E, através desse exercício de se importar com o próximo, o Senhor vai destruindo nosso egoísmo, ambições e pretensões e vai produzindo paciência, longanimidade e humildade. Vamos descobrindo que o mais importante da nossa jornada são as pessoas que fazem parte dela.
E, é justamente neste ponto, que me parece existir um segredo espiritual onde Paulo investiu a sua oração aos efésios: algumas facetas do amor de Cristo só serão compreendidas quando nos dispomos a andar em unidade com os irmãos. E andando dessa forma seremos tomados de toda a plenitude de Deus … Será que Paulo se empolgou com as palavras? TODA a PLENITUDE de DEUS!! Será que pessoas como eu podem alcançar tal privilégio? Será que tal realidade não é uma situação infinitamente impossível para nós?
Não, Paulo sabia exatamente o que estava falando … porque assim ele termina a sua oração:
“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém! Efésios 3: 20 – 21