Com vergonha do evangelho
“não me envergonho do evangelho porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” Rm 1:16
Certa vez eu li o relato de um pastor que participou de uma reunião de jovens em uma igreja lá nos Estados Unidos. onde ele diz mais ou menos o seguinte:
“Entrei em um tipo de loft que combinava diversos elementos: fliperama, cafeteria, clube de dança e recreação. A sala pulsava energia com uma sensação de felicidade. Alguns jovens estavam jogando playstation outros estavam largados no sofá vendo seus celulares enquanto que outros estavam conversando ao redor de uma mesa cheia de guloseimas. Após algum tempo, todos eles se reuniram para o início do culto. Começou então uma adoração comunitária . Uma banda barulhenta ocupava o palco central. A banda conduzia o grupo por uma sequência incitante de canções de louvor triunfantes e depois por uma sequência de meditações introspectivas. Abruptamente, eles pararam de tocar e um grupo de teatro subiu no palco para aliviar a atmosfera e comunicar a todos que seguir a Jesus pode ser divertido. Depois disso um pastor jovem e moderno trouxe uma mensagem onde, resumidamente, ele dizia “não beba” “não fume” e principalmente “não faça sexo” tudo isso com uma grande preocupação de não parecer careta nem soar uma coisa chata. Após terem recebido uma mensagem vagamente bíblica os jovens foram dispensados com promessas de mais divertimento na semana seguinte.”
A turma que nasceu após o ano 2000 é conhecida na literatura como a geração Z ou os nativos digitais. Eles não sabem o que é um mundo sem internet, são multimídia, multitelas e por isso mesmo, conquistar a atenção deles não é nada fácil. Os pais desses jovens possuem uma honesta preocupação de que seus filhos saiam da igreja e abandonem a fé. Mas, se a intenção é correta os meios escolhidos são perigosos e insuficientes. Porque transformamos o ministério de jovens em uma tentativa de lhes oferecer o próprio mundo envelopado na religião cristã na tentativa que isso consiga os segurar na igreja.
O remédio que se oferece aos jovens poderá, no futuro, tornar-se em um veneno. Porque se a tentativa é oferecer as coisas do mundo em doses homeopáticas chegará um momento em que o jovem descobrirá que poderá experimentar todas essas coisas de uma forma mais liberada fora da igreja. Não oferecemos entretenimento, isso o mundo oferece melhor do que nós. Não oferecemos diversão, vida social ou experiências sensoriais … oferecemos o evangelho eterno e imutável de Deus que nos liberta de um império e nos transporta para pertencermos a um outro reino.
Precisamos enfrentar essa realidade com coragem e temor porque manter nossos jovens presos no prédio da igreja não é, de modo algum, sinônimo de torná-los prisioneiros de Cristo. O preço a ser pago para se tornar um discípulo de Cristo é altíssimo porque o custo é a própria vida. Por isso que o Senhor já nos avisou que a porta é estreita e apertado o caminho que conduz para a vida e são poucos que se acertam com ela.
Não devemos nos envergonhar do evangelho de Deus como se fosse insuficiente para os nossos jovens ou desatualizado para os dias de hoje. Não devemos omitir as duras verdades do evangelho com medo de que o nosso ouvinte fique chateado ou pense que somos radicais demais. Que o Senhor nos livre de fazermos concessões ou adulterações na sua palavra na tentativa de tornar o convite de Cristo mais agradável e palatável a quem quer que seja.
A Igreja, como nação santa, como povo de propriedade exclusiva de Deus, dá esse testemunho … vivemos para Cristo. nós nos reunimos por causa de Cristo, servimos e amamos uns aos outros por causa de Cristo. Se isso parece loucura para alguns, para nós é poder e sabedoria de Deus.
“nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” I Co 1: 23,24